sábado, 27 de fevereiro de 2010

Concorrência que faz falta.

Março chegando e a volta as aulas das universidades também, as férias terminam e a rotina dos universitários volta ao normal. Mais um semestre vem pela frente, e cada vez mais a nossa cidade têm mais jovens ingressando no ensino superior. É claro que alguns vão morar em Santa Maria, ou em outras cidades, como Cruz Alta e Alegrete, mas um bom número de universitários que cursam em Santa Maria segue morando em São Pedro, tendo assim que se deslocar diariamente para a cidade vizinha. As maneiras para este deslocamento são em geral duas: Van ou Ônibus. Neste texto vamos falar sobre a segunda opção, o famoso ônibus do estudante.
Somados á alguns estudantes de ensino médio, soldados e alguns trabalhadores os universitários encaram o ônibus do estudante, que sai em horários determinados para facilitar a vida dos seus usuários. Porém os ônibus oferecidos são de uma precariedade notável. É costumeiro os estudantes terem que subir a Presidente Vargas até chegarem aos seus destinos, pois o ônibus simplesmente “quebra” no meio do caminho, o que não é a pior das situações, algumas vezes têm de esperar outro ônibus vir de Santa Maria busca-los ainda na BR. Mas esta não é apenas a realidade do ônibus do estudante, o serviço da única empresa que faz a via São Pedro/Santa Maria é ruim. E vem piorando. Perdoem-me os motoristas e cobradores que tentam fazer de seu local de trabalho um lugar agradável, mas alguns de seus colegas “se puxam” para fazer da viagem de cerca de uma hora um trecho cansativo e desagradável.
A causa deste problema já foi citada aqui neste texto: apenas uma empresa faz a via. A falta de uma concorrente (da mesma intensidade de viagens, é claro), faz deste caso um exemplo do antigo monopólio, diferente do novo monopólio, o da qualidade, como no caso da Coca-Cola, que é um monopólio por que é a melhor. Este monopólio apenas existe por que não temos outra opção. Experimentem ir ou vir com um ônibus da Planalto a qualquer hora, a diferença é notável, o serviço, o “carro” - como eles chamam - são muito melhores. Porém, a Planalto apenas “passa” por São Pedro fazendo vias como Santa Maria/Alegrete, Porto Alegre/São Borja, entre outras.A concorrência faria muito bem neste caso. Sem dúvida se tivéssemos outra empresa fazendo esta via, teríamos duas empresas em condições de transportarem, da melhor forma possível, estudantes e as demais pessoas que vão à Santa Maria por alguma outra necessidade não diária, mas que também merecem o melhor.

Uma necessidade que é de outros carnavais.

Acabou, e ficamos com um gosto de quero mais. O carnaval 2010 em São Pedro do Sul foi muito bom, os dois blocos da cidade tiveram ótimas festas, não deixaram a desejar. A festa de salão, que há tempos não era realizada, veio este ano e veio bem, e tomara que continue por muito e muito tempo. O Clube do Comércio está de parabéns. O que faltou, justificadamente, mas a falta foi sentida, foi o carnaval de rua, ou do “lonão”, como queiram chamar. Tem que ter. Sem ele uma grande parte da população ficou sem poder participar das festas, já que nem todos têm condições de participar dos blocos e da festa social do Clube.
Em relação ao texto da semana passada (Festa, e só festa.): uma grande briga teve de ser controlada pela Brigada Militar em frente ao Clube do Comércio, sem envolvimento de nenhum integrante dos carnavais, tanto do Clube, quanto do bloco Bixo Solto (carnavais que eram realizados simultaneamente na sede do Clube). Porém a briga que ocorreu, não foi uma causa do carnaval, mas sim da violência que está crescendo na cidade, a nossa praça central é uma espécie de ringue público, tendo em seu histórico inúmeros (e trágicos) confrontos. Este, da sexta-feira de carnaval foi só mais um, e outros virão. A Brigada Militar quase não conseguiu conter os rapazes que certamente, foras de si, não davam nem bola para a presença dois policiais presentes, que tentaram, por muito tempo, chamar reforço, até que ele veio.
Esta cena, que começa a ficar comum nos arredores da praça, poderia ser evitada se a Brigada Militar tivesse um posto de observação na praça, como um plantão, em finais de semana, principalmente os com movimentos de festas e boates. Este posto, não é idéia nova. Não vou conseguir lembrar-me de quanto tempo atrás um abaixo assinado foi passado por cerca de 500 pessoas, pedindo a instalação deste posto, por iniciativa de uma moradora que tem sua residência a cerca de 50 m da praça, e que já havia presenciado várias destas brigas, e por questão de segurança teve a iniciativa.
Este posto faz falta, já deveria existir, na verdade não sei bem o, ou os motivos de o abaixo assinado não ter tido nenhum respaldo, mas deixo aqui uma idéia, quem sabe, se o nosso presidente da Câmara de Vereadores deste ano, o Sr. Ângelo Parcianello, conseguir fazer o mesmo que seu antecessor, digo, terminar o ano com sobras financeiras, e for destina-las à prefeitura, poderia pensar na construção deste posto, para que assim, não só no carnaval, mas nas saídas das demais festas, qualquer princípio de tumulto seja contido com mais intensidade.

Festa, e só festa.

A cada início de ano as emissoras de televisão mostram em seus programas os “videntes”, “mães de santo”, “pais de santo”, e outros nomes que correspondam àquelas figuras que vem nos falar sobre o novo ano. Sempre os prognósticos são de um ano bom, mas com uma tragédia ambiental, com uma morte no meio artístico, com a seleção brasileira com muitas chances de sair campeã da copa (nesse ano que tem copa!), com um time da dupla Gre-Nal com muito destaque na imprensa nacional, enfim, coisas que acontecem todo o ano, sem erro: algum artista virá a falecer, Grêmio ou Inter, se não os dois, estarão brigando por títulos nacionais e internacionais, uma (podia ser só uma) tragédia ambiental irá acontecer, e assim por diante.
Ontem começou o carnaval, se tivéssemos ouvido algum destes sábios sobre os acontecimentos carnavalescos o que teríamos ouvido? Coisas boas, mas certamente que haveria uma briga. Quarta feira um amigo meu chegou a brincar que era uma cultura na nossa cidade a briga do carnaval, e que a cada ano se criava uma expectativa sobre a nova briga. Quem vai brigar e por quê? Que tristeza, ao invés de nos preocuparmos em fazer festa com os amigos, com as pessoas que gostamos, ficamos pensando nestas brigas, que só fazem estragar o carnaval, dos brigões e dos demais, que não tem nada a ver com as “richas“ destes indivíduos (que às vezes nem existem: é a velha história de o álcool entra a violência sai).
Quem sabe neste ano possamos viver o carnaval da melhor maneira possível. Espero que a noite de ontem tenha sido só de festa, se não foi, vamos fazer das próximas momentos de alegria e diversão, e se foi, vamos continuar assim, sem deixar que nada interrompa a felicidade que esta época do ano nos trás e que nos deixa, quando acaba, com uma vontade tremenda que comece de novo.
Finalizando, que a alegria tome conta do carnaval do Clube e dos Blocos aqui em São Pedro. E que a quarta-feira de cinzas seja somente a tristeza do adeus do carnaval, a tristeza pelo carnaval não ser todo o ano, a tristeza por ter acabado aquela felicidade, a felicidade ao extremo, a felicidade do carnaval. Que não tenhamos nenhuma outra tristeza além desta, assim, os próximos prognósticos de carnaval poderão, quem sabe, falar somente em festa.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Talvez por isto somos um povo diferenciado.

Era um sábado ou um domingo à tarde, não me lembro bem a época do ano, lembro que era quente e que meus pés doíam. Estava cansado e suado, e a cada intervalo corria para o rádio para saber quanto estava o jogo de futebol que eu não podia estar assistindo. Sentava debaixo de um dos seis ventiladores do salão e ficava conversando com os amigos até o final do intervalo. Então, levantava, e seguia com o ensaio, que às vezes durava desde o início da manha até o final da tarde. Chegava em casa exausto, mas muito feliz. Havia passado mais um dia no CTG com meus amigos, dançando as nossas músicas e cultivando nossa tradição.
Para leigos, a imagem de um grupo de danças pode parecer algo como, “jovens desocupados que vão para um lugar ouvir música alta e bater os pés”, como várias vezes já fomos chamados. Para quem conhece uma Invernada Artística de um CTG - que é Centro de Tradições Gaúchas (TRADIÇÕES!) - sabe que aqueles momentos são especiais, que os jovens que estão ali procuram um lugar bom para passar seus momentos de lazer, sem se preocupar com algumas variantes que estão muito presentes na sociedade, os pais desses jovens sabem que o CTG é um lugar onde seus filhos podem freqüentar tranquilamente, estarão com pessoas de caráter que ao conviverem com os seus filhos mostrarão a eles valores bons, de respeito, de convivência, a fim não só de transformá-los em integrantes do grupo, mas sim em pessoas de bem.
Semana passada em entrevista ao Jornal Cidadão, o integrante da Invernada Artística do CTG Rincão de São Pedro, Guilherme Essi, falou sobre a importância do CTG na conquista dele de ingressar pelo PEIES na UFSM, para cursar medicina. Dizendo que o CTG era como um “refúgio”, um descanso, um lazer. Sem dúvida o Essi (como é chamado pelos colegas) deu muito orgulho ao CTG e aos integrantes dos grupos.
Eu participei por muito tempo das Invernadas do CTG Rincão de São Pedro, e me orgulhava muito ao ver senhoras e senhores, por quem tinha e tenho admiração e respeito, aplaudirem a mim e a meus colegas pela apresentação. Alguns com os olhos aguados por verem nós, seus filhos e netos, dançarem as músicas que eles também já dançaram na sua juventude, e isso nos motivava, pois um dia também nos emocionaremos ao ver nossos filhos e netos dançando e cultivando as nossas tradições. Para os que não conhecem, vou finalizar este texto com o lema do CTG Rincão de São Pedro, o qual, em minha opinião resume tudo o que falei até então: “Amadrinhado por um bom conselho, dá-se o primeiro galope no conhecimento!”.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Não se esqueçam: eles são “usuários pagantes”.

Consumidor é aquele que paga por um bem a fim de satisfazer uma necessidade ou um desejo. Ele não tem a obrigação de se preocupar com os processos que antecedem a compra do determinado bem/produto; se a empresa que o produz tem dificuldades, ou qualquer outro problema, desde que o produto esteja ali, pronto para ser comprado e consumido.
Na semana passada, fiz a comparação dos clubes da cidade com produtos. A coluna foi bastante comentada, ouvi muitos, muitos comentários que concordavam plenamente com o texto, e normalmente, alguns que discordaram um pouco de alguns fatores. Então, neste texto de hoje eu explico melhor a comparação feita, trazendo, como complemento, outra comparação: a dos sócios (dos clubes) com os consumidores (dos produtos).
Bem, as duas críticas que mais ouvi em relação ao texto passado, foram: que eu havia deixado de lado outras coisas que o STC/CC oferece, como: a possibilidade de um sócio se tornar presidente do Clube, diferente do que acontece na AABB, onde apenas funcionários do Banco podem ocupar os cargos de maior importância da Associação. E que a AABB tem um potencial de financiamento maior que o do outro clube.
Estas duas críticas estão corretas, mas a idéia do texto passado era como se o sócio fosse um consumidor, e o que isto nos explica? Que a grande maioria dos sócios dos clubes não se associaram nestas entidades com a finalidade de participar das suas diretorias. Na sua maioria, os sócios apenas querem pagar por um serviço para usufruir do espaço e das opções de lazer, esporte e entretenimento que os clubes oferecem. E como consumidores, os sócios não procuram se informar sobre as dificuldades, os orçamentos, os gastos, enfim, sobre a administração do clube. O seu pensamento é: “porque não investem, não melhoram e não inovam?”.
Em uma conversa com alguns amigos na terça-feira, surgiu uma expressão: “usuário pagante”. E a meu ver esta expressão é a melhor para definir os sócios destes clubes, tendo seu poder de voz, mas não dando muita importância para este poder. Qual seria a percentagem de sócios que compareceriam em uma assembléia geral destes clubes?
Gostei de precisar voltar a este tema. Todos nós sabemos que existem dificuldades, “que não é fácil”, mas nesta visão que os trouxe, a do sócio “usuário pagante”, o que interessa é apenas o que ele recebe ao pagar pelo serviço, o custo/benefício, e nada mais.