Lobisomem, Saci, Mula sem-cabeça. Quem sabe ainda existe em algum lugar alguém que acredite nestas lendas folclóricas, e posso dizer que é até certo ponto “legal” contar para crianças estórias como estas. Mas o problema que encontramos agora é quando adultos começam a acreditar em algumas “lendas populares” posso dizer assim.
A lenda do sortudo, por exemplo: bom, o sortudo foi viajar pra capital, mais precisamente visitar uma pizzaria. Sentou, comeu e conversou com os freqüentadores da casa das pizzas (só salgadas, diga-se de passagem), no final, deliciando na sua mente uma sobremesa, percebeu que havia uma promoção de “chicabon”, aquelas do palitinho premiado, lembram? Pois é. Ao freezer, deparou-se com apenas um “chicabon”, que ainda restava, todos os outros já haviam sido vendidos. O lendário sortudo degustou seu picolé, e ao final percebeu que, numa sorte comparada à vitória de um espermatozóide que chega antes de milhões de seus irmãos ao óvulo, que seu palito havia uma marca sinalizando o prêmio, uma estrela, se não me falha a memória, e assim voltou para casa o sortudo, com seu prêmio valioso, que vale a pena dizer, valia em torno de cem mil “patacas” Há quem acredite nesta lenda, eu confesso que até hoje só consegui trocar o palito por um “frutare”, e após comer alguns outros.
Outro conto do sortudo, vocês já devem ter ouvido falar, é o do canário do reino. O sortudo virou rei, tamanha sua sorte, e resolveu fazer uma festa para seu povo, onde todos súditos poderiam participar, para animar traria um grupo de canários, para que cantassem. Feitos os cálculos, concluiu o rei que para que os canários viessem, cerca de cento e trinta mil grãos de bico deveriam ser colocados a disposição dos canários. Só que estes cálculos não foram bem feitos, e mais quarenta mil grãos eram precisos, o rei então, pediu para que o conselho do reino liberasse mais estes grãos, só que o conselho nem sequer havia sido consultado sobre a vinda destes canários e por isso cogitou de não liberar. Porém, estamos falando do sortudo. E mais uma vez a sorte esteve do seu lado e os grãos foram colocados a disposição. A festa saiu, todos ficaram felizes e o rei foi saudado por todos os súditos.
Terminada a sessão da carochinha, por incrível que pareça há realmente quem acredite nestas “lendas populares”. Há quem acredite também que grão de bico é moeda de troca em revenda de carro, há quem acredite que cunhado é banco, que “pataca” tem valor, há quem acredita em sorte, em licitação e ainda há rei que acredita que súdito é bobo da corte. Mas o pior é não ter a certeza de que eles não são, e acabar percebendo que mesmo vendo e sabendo das coisas estes súditos sigam saudando, ou melhor, estes bobos sigam fazendo bobagens. Eu que não acredito em nada disso, não sou súdito nem bobo, acho muito mais fácil encontrar o Negrinho do Pastoreio tomando um mate com o Tio Barnabé, debaixo de uma lua cheia ouvindo no rádio aquela música do “Vampiro, Lobisomem, Saci-Pererê.”