Sempre ouvimos dizer que o tempo começa a passar mais depressa à medida que ficamos mais velhos, e isso é parcialmente uma verdade. Parcialmente, porque temos a impressão nítida de que ele realmente passa. Impressão! Encontrei-me essa semana com uma pessoa que não via há mais ou menos uns cinco anos e me dei conta de que essa impressão nos toma conta de tal forma, que não percebemos, e por isso acreditamos que é o tempo que passa mais rápido.
Exemplo fácil dessa falsa impressão é a simples mudança de turno, para uma criança que está no colégio. Quando ela estuda pela parte da manhã, a semana demora a passar, e quando estuda à tarde, mal começa a semana, e logo já é sexta-feira. Não é assim? E porque é assim? Porque temos essa impressão? E porque quanto mais idade temos, mais rápido parece? Rotina. Entramos em uma rotina e por isso não vemos o tempo passar.
Quando crianças, se estudarmos de manhã, temos a tarde livre. Brincamos, corremos, jogamos bola, vamos um dia na casa de um amigo, outro dia na casa de outro amigo, sempre fazendo coisas novas e diferentes. Se estudarmos à tarde, dificilmente aproveitamos a manhã, e quando chegamos em casa, vindos da aula, não temos tanto tempo para fazer as coisas novas e diferentes que tínhamos antes. Após, quando saímos da escola, dividem-se os que optam por seguir estudando, e os que começam sua jornada no mercado de trabalho. Independente da escolha o tempo parece diminuir mais, passar mais rápido. Se trabalharmos, faremos nossa função oito horas por dia, entraremos em uma rotina, uma mesmice, que, quando se acostuma com ela, o tempo voa. Se seguirmos estudando, também aumentaremos nosso tempo rotineiro. Se fizermos os dois então, trabalhando de dia e estudando durante a noite, como em muitos casos, estaremos em total sistema de rotina, guardando nossos finais de semana, que seriam a única opção de descanso e lazer, para eventuais trabalhos extras. Até mesmo as nossas férias entram nesse esquema de tempo que passa rápido. Se fizermos, nas férias coisas diferentes a cada dia, teremos a percepção de que o mês foi longo. Se simplesmente ficarmos em casa, assistindo à TV, logo estaremos de volta às atividades normais e o tempo terá passado muito rápido.
Cinco anos é muito tempo. Muita coisa muda, muita coisa pode ser feita. Muitas pessoas nós conhecemos, muitas “desconhecemos”, e quando conversamos com essas pessoas, e as questionamos, ou somos questionados, sobre o que temos feito, nunca aparecem novidades, nem pra falar, nem pra ouvir. Estamos na mesmice. Pra maioria, cinco anos passa muito depressa. Vamos aproveitar nosso tempo livre para variar, chega de ter a “obrigação” de assistir o Jornal e a Novela. Assim, a velha expressão do “parece que foi ontem”, vai sair um pouco do nosso cotidiano, que por sua vez, vai ser repleto de novidades e repleto de tempo, e este vai parecer estar sempre nos esperando para algo novo.