quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Tartaruga em um poste.

Dentre um de seus atendimentos diários o médico de uma cidadezinha se deparou com um senhor que aparentava beirar a idade que o deixaria ter prioridade na fila do banco. Um velho gari que havia machucado sua mão de maneira que não me lembro agora para lhes contar, mas que ficou um bom tempo na companhia do doutor.

Durante o atendimento a conversa entre os dois não parecia fluir, tendo em vista que o grau de cultura entre os dois era como a amplitude térmica de um deserto. Entretanto o dia conspirava para que eles conversassem, entre alguns assuntos iniciados e rapidamente finalizados, os dois se depararam conversando sobre política, as eleições, os candidatos. Até que, como qualificando o atual momento das eleições, o velho gari instigou o pensamento do intelectual doutor:

- Pois é, doutor. O que eu vejo nisso tudo é a mesma coisa do que ver uma tartaruga em um poste.

O doutor, buscando algum significado para a comparação do velho, ficou sem entender e o perguntou o que significava uma tartaruga em um poste.

- É como se o senhor estivesse caminhando em uma estrada e se deparasse com um poste, lá em cima tem uma tartaruga, tentando se equilibrar, isso é uma tartaruga no poste.

Vendo a cara do médico, ainda de não entendimento, acrescentou:

- Você não entende como ela chegou lá; Você não acredita que ela esteja lá; Você sabe que ela não subiu lá sozinha; Você sabe que ela não deveria nem poderia estar lá; Você
sabe que ela não vai fazer absolutamente nada enquanto estiver lá; Você não entende porque a colocaram lá; Então, tudo o que temos a fazer é ajudá-la a descer de lá e providenciar para que nunca mais suba, pois lá em cima definitivamente não é o seu lugar!

Esse texto é uma reedição de um que recebi via e-mail essa semana. Ele pode dizer muitas coisas, mas o que eu quero salientar, é que, se tratando de política, às vezes, pessoas com menos cultura, menos conhecimento, estudo, podem entender melhor a situação, e agir melhor diante dela do que uma pessoa melhor instruída. Estou falando de eleitores, candidato que não tem conhecimento, nunca vai entender nada e nunca vai agir melhor do que um bem preparado. Pense e aja corretamente.

Rio Grande mais vermelho (não é sobre o Internacional!).

O Rio Grande sempre foi visto no cenário nacional como sendo território de um povo que por natureza era diferente de todo o resto. Sendo na cultura, nas vestimentas, no jeito de falar, entre outros fatores que destoaram o gaúcho do restante dos brasileiros. Entretanto, o fator mais marcante da diferença do nosso estado sem dúvida foi (e, por enquanto, ainda é) a política gaúcha, da qual temos orgulho, e que parece ser o primeiro desses fatores que começa a perder sua tradição.

Ainda é, por sermos um estado de princípio agropecuário, em contrapartida possuímos grandes centros federais de estudos, que faz com que comecemos a mudar o ideal “anti-sem terra”, o ideal da pecuária, que caminha com o gaúcho desde os tempos farroupilhas para um ideal de “mudanças”. Ainda assim, a sua maioria segue contra a política de reforma agrária ferrenha, o que deixa nosso estado sendo o único em que nesta eleição marca a derrota do PT. A vitória petista é mais que certa no território nacional, no Rio Grande, apesar de Serra ser o candidato da maioria, tudo se encaixa para a volta do PT ao Piratini, o que parece uma grande contradição ao percebermos que Dilma, unida ao PMDB na disputa presidencial, somaria os votos de petistas e pmdbistas do RS fazendo com que Dilma também vencesse aqui.

A grande diferença que já está acontecendo, desde 2002, é a atenção, ou a grande atenção dada aos centros universitários, o que desde 2002 foi o “semear” do Partido dos Trabalhadores no nosso estado, além dos “donativos mensais” para os menos favorecidos, atividade que Lula era contra antes de ser Presidente (quando queria “ensinar a pescar ao invés de dar o peixe”). As sementes serão as mesmas nos próximos quatro anos, tanto que Lula estava ontem mesmo visitando e inaugurando obras na UFSM, muito provavelmente “acompanhado”. Com Dilma não será diferente, mais sementes serão lançadas, e cada vez mais, o Rio Grande perderá o ideal agro-pecuário, contrário a reforma, e com o passar do tempo, as próximas gerações de universitários seguirão este intuito petista, fazendo com que a nossa tradição passe a ser diferente do resto do país apenas (se é que será) na música, nas vestimentas e no jeito de falar. E o tal orgulho, quem sabe, nem exista mais. Torço apenas, para que nunca chamemos nossos antigos “heróis” de loucos. Se isso ocorrer, podem ter certeza de que loucos estarão os gaúchos, e o Rio Grande mais vermelho.