segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Tempos modernos, mentes alienadas.

Eu sou novo, tenho poucos anos de vida. Não sei o que é viver em um tempo de repressão. Um tempo, já antigo, onde as pessoas precisavam tomar cuidado com as palavras para não terem um fim precipitado. Onde se deveria concordar, ou ao menos, obedecer os que tinham “autoridade”, pois os que tinham, tudo podiam fazer com ela justificando.

Eu sou novo, não vivi mas estudei este tempo, assim como todas as futuras gerações estudarão este e o nosso tempo. Diferente do que eu penso, tenho medo do que meus filhos e netos irão pensar da época que eles não viveram. Eu sinto orgulho. Sinto orgulho por saber que antes, quando nem tudo era possível, as pessoas, os jovens, principalmente mostravam um jeito diferente, ousado e muito inteligente de protesto. Não aceitavam as ordens (estúpidas) que lhes eram dadas. Um tempo onde se dava valor à palavra, ou ao direito de tê-la e usá-la. Onde as músicas, além de arranjos, traziam um sentido, um protesto, uma mensagem de indignação. Onde o povo não gostava e não aceitava ser enganado. Onde o cabresto dava nojo, e o pedido de “Diretas” era feito por milhões. Onde a corrupção e os escândalos eram repugnados com “Caras Pintadas” em verde e amarelo, mostrando que o povo ama o Brasil e que não aceita que ninguém o faça de bobo, que ninguém o roube. Um tempo onde a voz, quando usada, fazia soar o certo, a vontade do acerto. Funcionava.

Hoje, parece que o povo aceita todo esse deboche, esta palhaçada, este crime. Vemos fraudes, roubos, escândalos. A corrupção é um sinônimo de política, praticamente. Nada é feito. E pior, ao invés de buscarmos a renovação, a troca, a expulsão destes “seres”, consentimos com tudo isso os mantendo no poder. Antes, sindicalistas, advogados, operários, estudantes, todos. Todos tinham a coragem de lutar contra o errado, o corrupto. O impeachment de Collor é o exemplo. Agora, com escândalos muito maiores, muito mais graves, com provas que toda a população tem acesso: gravações, grampos, etc. Nada fazemos.

Que orgulho eu teria de sair nas ruas protestando contra tudo isto. Que inveja eu tenho dos manifestantes dos anos 80 e 90. Eles foram os responsáveis pela mudança do país, a Democracia plena, com as “Diretas Já!”, pela limpeza da sujeira do Collor, com os “Caras pintadas”. Por fim, que vergonha eu ainda vou sentir, quando meu filho, estudando estas épocas, me perguntar, “Vocês não fizeram nada?” e eu responder, “Não e ainda elegemos eles de novo”.

Força “Ficha Limpa“, esse tem de ser teu ano.

O STF, é um órgão federal, é a maior força do Poder Judiciário nacional, composto por onze Ministros (juízes), nomeados pelo Presidente e insubstituíveis, havendo nova nomeação apenas quando um dos Ministros se aposenta ou falece.

Na noite de quinta-feira, mais precisamente na madrugada para sexta o Supremo Tribunal Federal suspendeu a sessão que julgava o recurso apresentado pelo candidato a Governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, com o intuito de invalidar, para esta eleição a Lei “Ficha Limpa”, que, caso entrasse em vigor este ano suspenderia sua candidatura.

Com a participação de dez Ministros, já que o Ministro Eros Grau aposentou-se em agosto deste ano e até então não houve nova nomeação, a votação poderia terminar empatada. Foi o que ocorreu. Cinco a cinco. O último voto, contrário, foi do presidente do STF, o Ministro Cezar Peluso, que em decisão conjunta resolveu suspender a sessão por tempo indeterminado. As alternativas possíveis para resolver a questão são bastante interessantes, a primeira, e ao meu entender a menos provável, é a de que o próprio presidente Peruso votasse novamente (Voto de Minérva). Outra seria manter a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), aceitar a aplicação da Lei já para estas eleições. Entretanto, a suspensão parece dirigir a resolução para as mãos do Presidente Lula, que deverá nomear o décimo primeiro Ministro, para que este desempate a votação.

O que mais me chamou a atenção foi a fala de um dos Ministros contrários à aplicação da Lei neste ano, o Ministro Gilmar Mendes, que argumentou seu voto afirmando que se fosse aprovada o vigor da Lei, poderia se fechar o STF, tendo em vista que a iniciativa popular “derrubaria” a constituição (artigo 16 da Constituição preza pela anualidade da Lei Eleitoral, sendo assim, a Lei “Ficha Limpa, aprovada neste ano só teria valia a partir das próximas eleições). Mas o fato é que se este não fosse um caso de grande interesse do povo, não estaria sendo levado ao STF a tentativa de exceção ao artigo. É para isso que existe o STF, para que em casos como este, seja válido o bom senso e não a forma fria da lei (do artigo).

Por fim, a maior prova da força do povo, se caso venha a falhar a Lei “Ficha Limpa” para 2010, seria a derrota nas urnas dos fichas-sujas. Espero, que o STF tome a decisão correta, que ao meu ver é a validação do vigor da Lei para estas eleições. Isto seria ao menos uma luz de esperança de que a justiça no Brasil não é totalmente cega, nem negligente com as questões que interessam à maioria, à nós, ao povo.

Toda semana é semana farroupilha.

Dia vinte de setembro está chegando novamente. Por mais que sejamos todos gaúchos é nesta época que o tradicionalismo aparece mais. Eu desde pequeno fui assíduo freqüentador do CTG Rincão de São Pedro. A saudade dos tempos de criança, onde corria no salão, e não estava nem aí para o que acontecia de sério, me veio à memória na quarta-feira à noite, quando vi meu primo, brincando com o primo de um grande amigo meu. O CTG é exatamente isso, além de ponto de encontro, seja das invernadas artísticas para os jovens, do jogo de bocha (antigamente e infelizmente) para os adultos e os mais velhos, dos rodeios crioulos, onde toda a família prestigiava, também é ponto de formação, repito no texto de hoje, que um Centro de Tradições Gaúchas preza pelos valores ideais, posso dizer que pelos próprios ideais farroupilhas, Liberdade, Igualdade e Fraternidade e Humanidade.

Desculpem-me as pessoas que não tiveram um CTG como segunda casa. Não quero dizer que essas pessoas não possuem esses valores, mas quero dizer que a grande maioria das pessoas que tiveram esse privilégio, com certeza tem esses valores. Quero desejar-lhes um ótimo dia vinte. Um “baita” sábado. Que aproveitem para viver a nossa cultura de forma plena, que o sentimento tradicionalista, o orgulho e a felicidade de cada gaúcho fique estampada, não só nesta semana, que se finda em dois dias, mas sim em todas as semanas, em todos os dias, em todas as nossas atitudes, sempre.