sábado, 19 de fevereiro de 2011

Parte por milhão.

O que seria do mundo sem as pequenas coisas, as pequenas porções, as menores porções. A maior prova, o maior exemplo de coletividade nós encontramos na própria natureza, na natureza involuntária, na natureza imóvel. Algumas dessas pequenas coisas nada seriam relevantes se não fosse o conjunto delas. O deserto e a praia, o rio e o mar, a plantação, a beleza do cabelo comprido da mulher, tudo isso não seria nada se não fosse pelo conjunto. Conjunto de grãos de areia, gotículas de água, um pequeno pé de soja, ou menor ainda, um grão, um fio de cabelo. A própria humanidade existe por conta de bilhões de seres humanos - Já imaginaram que sem graça seria o mundo se existissem dezenas de pessoas e só? – A vida: uma batida de coração dentre as milhares diárias que fazem nosso sangue percorrer todo o corpo. Pequena parte e importante.

Sem dúvida as pequenas coisas tem um valor inestimável, que passa despercebido por todos nós, temos essa visão do grande e valoroso e do pequeno e inútil. Visão errada. Podemos mostrar o erro dessa visão na própria história. Quantas revoluções obtiveram sucesso por conta da união dos “pequenos inúteis e sem valor” que resolveram mostrar que são importantes. Quem sabe, algumas tragédias, como tsunamis, tempestades de areia, e desabamentos de terra sejam revoluções desses pequenos, quem sabe essa é a forma de eles mostrarem que não estão sendo respeitados como deveriam.

Devemos ter em mente que os menores podem ser grandes unidos à outros menores, podem ser maiores que nós mesmos. Devemos respeitar as pequenas partes, para que se mantenha uma mutualidade no dia a dia, no cotidiano Devemos entender que por menor que seja aquela parte ela é importante, e que precisamos dela também. Devemos aprender que tudo que existe, existe por algum motivo e por isto deve ser respeitado, conservado, preservado. Vamos valorizar as pequenas coisas, os detalhes, os grãos de areia e de soja, os fios do nosso cabelo. Os pequenos momentos diários com nossos amigos e familiares. Tudo que está na nossa volta, por menor e mais insignificante que possa parecer.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Histórias do Cotidiano – O brilho dos olhos.

André não entendia o porquê de sua amizade interferir no seu não relacionamento com Júlia. Ele gostava dela. Gostava dela como jamais gostara de alguém antes. Os dois tinham uma ligação muito forte, entretanto os amigos de ambos os alertavam para esse quesito: “Ele é muito teu amigo!”; “Ela é muito tua amiga!”, “Não vai dar certo!”. Aquilo entristecia André, ao mesmo tempo se sentia tão próximo e tão distante de Júlia. Até o dia em que ele conversou com Ana, sua irmã mais nova. Já estava cansado dos amigos dizerem não, que, inconscientemente procurou sua irmã na esperança que ela lhe desse a alternativa que queria ouvir. Deu certo.

Ana lhe disse tudo que queria realmente ouvir. Ele estava convicto. No próximo encontro falaria com Júlia e abriria com ela o que estava guardando há tanto tempo. De noite, em seu quarto, mal conseguiu dormir imaginando a cena do encontro. Em pensamento fortalecia sua confiança: “Vou falar com ela! Quem disse que amizade é problema? Desde quando é ou amizade ou amor? Quem disse?! Quem escreveu?!” No outro dia pela manhã ostentava um sorriso inexplicável, um sorriso de confiança, quase de uma ponta a outra do seu rosto. Fernando, um de seus melhores amigos, o mais confidente deles, que conhecia André como se fosse a gaveta bagunçada de seu quarto, quando o viu prontamente o questionou. Perguntando o motivo de tal sorriso. André nunca havia escondido nada de Fernando. Mas naquele momento preservou sua decisão apenas para si. Fernando percebeu do que se tratava, mas respeitou o amigo.

Os dias demoravam a passar, André não encontrava Júlia. Na quarta-feira daquela semana Fernando convidou André para um churrasco em sua casa, ele estava indo viajar e queria fazer algo com os amigos. Pronto! Seria no sábado. A festa começaria às nove da noite, e desde às sete André arrumava-se, ensaiava as palavras, e tudo mais, aquele sorriso, aquela confiança. Chegou à festa às oito e meia. Tomou umas cervejinhas para ganhar mais coragem. Por volta da meia noite, e de umas cinco ou seis, chamou Júlia para sentar no sofá, e ali abriu para ela a situação que ele se encontrava. Seus olhos brilhavam ao vê-la, e para a felicidade dele os dela também, e em seu rosto se desenhava, de ponta de orelha a ponta de orelha um sorriso de alegria.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

A cara do carnaval.

O carnaval tem uma vibração só dele, uma energia só dele. Não é atoa que tem um momento do ano só pra ele. Algo conspira a favor da alegria, da diversão, do amor, do carnal e da paixão durante o carnaval. Inclusive, só percebi agora, depois de escrever, que carnal e carnaval são palavras muito parecidas, talvez, tenha até alguma relação de originalidade da segunda em relação à primeira, sabido é que muita gente começa a namorar no carnaval, muitas crianças nascem em novembro, e muitos namoros também acabam no carnaval. Culpa do carnal, culpa da paixão de carnaval.

A música, a cerveja, a beleza da roupa curta por conta do calor do nosso verão, e o próprio instinto de sedução fazem dessa festa um festival de pequenos casos, alguns se tornam mais sérios, outros não passam da segunda noite, outros nem chegam ao final da primeira. A quantidade desses romances, dessas paixonites é tão grande, que sem elas o carnaval não existiria. O carnaval é feito para os solteiros, é o oposto do dia dos namorados. Tenho um casal de amigos que sempre vai pra praia no carnaval, ela não gosta. Os comprometidos às vezes se esquecem do compromisso, ou melhor, às vezes o carnaval esquece que casais também gostam de carnaval, e por esse motivo o carnaval acaba com alguns relacionamentos. Acredito que o carnaval se julgue um cupido, o cupido não do amor, mas da paixão. Nada muito meloso, muito romântico. Tudo muito carnal. Ele não entende que nem todos precisam, e que nem todos podem ser flechados. No carnaval acontecem essas coisas. Temos que entender, é a natureza dele.

Já para os solteiros, ele é o melhor momento do ano, como já disse. Os solteiros entram num clima de adrenalina que só o carnaval proporciona. É a energia que contagia. Eles querem apenas festa. Sem nenhum preconceito, receio ou vergonha. Vergonha de dançar, de beber, de brincar, de lançar olhares de provocação, na busca de um desses casos. Eles querem paixões de carnaval. E o carnaval age. O carnaval tem uma vibração só dele, uma energia só dele. Temos que entender, é da natureza dele. E nós não só entendemos como gostamos muito. Por isso o carnaval é essa festa, a festa dos solteiros, que os casais participam, arriscando a própria palavra casal, por não conseguir se conter frente à essa energia, à essa conspiração do bem que é o carnaval.