sábado, 23 de abril de 2011

A decepção.

Não foram poucas as decepções que tive até hoje. Apesar dos poucos anos de vida, já me arrependi e já me decepcionei várias vezes, com situações, com circunstâncias, com pessoas, inclusive comigo mesmo. Não sei se existe alguém que nunca teve uma decepção, desde a menor e mais inocente das crianças já teve uma, como num não qualquer do dia a dia, pra um agrado no mercado ou para a ida à casa de algum amigo, todos nós, ao compreendermos as palavras, sofremos decepções. Talvez os bebês se escapem deste sentimento por conta do não discernimento verbal.



A decepção, por si só machuca. Porque normalmente, ela é inesperada, ou seja, nos decepcionamos porque acreditávamos que tal coisa aconteceria da melhor maneira, e ao final percebemos que não foi como esperamos, aí decepcionamo-nos. Entretanto, umas são menos fortes, podemos dizer assim, do que outras, essas, as mais fortes, na minha opinião, são as que envolvem pessoas. A decepção é um sentimento, e quando esse sentimento tem a ver com pessoas, ele interfere em outros sentimentos, podendo interferir, por exemplo, na amizade, no amor, no trabalho. Ás vezes podendo fazer com que se acabem estes outros sentimentos, uma amizade, um namoro, casamento, uma relação profissional.



Por este motivo, nós devemos sempre pensar muito bem antes de tomar atitudes, antes de deixar de lado afazeres importantes, devemos sempre respeitar as pessoas as quais nos relacionamos, e a intensidade da confiança que cada uma delas tem em nós, e que nós temos nelas. Por vezes, simples coisas, detalhes mínimos, podem fazer a diferença, e as vezes a diferença pode ser muito grande para que se mantenha a confiança. A decepção, tem em seu maior papel, a tentativa de findar com a confiança, nos decepcionamos uma vez, duas, três, depende, mas chega um ponto, que não se existe confiança, aí, ou não se existe mais nada, ou a decepção transforma-se em conformismo, pois ela já não é mais inesperada.

Saibam vocês que eu acredito em destino.

Eu estava no computador ainda agorinha, antes de começar a escrever este texto, na verdade, estava sem perceber que o horário de entregar o texto estava se esgotando, quando vi, no Twitter, um link para um vídeo de um momento do Programa do Jô, em que ele falava sobre trabalhos escolares de crianças de quatro a oito anos, sobre o que é o amor.


Cada pérola, mas todas muito agradáveis, muito “bonitinhas” como o próprio Jô as classificava durante o vídeo. Mas, o que será que realmente passa pela cabeça dos pequeninos quando o assunto é o amor? Falamos tanto sobre isso, sobre o amor, mas falamos através de uma visão madura, adulta. A forma mais infantil de um adulto falar de amor é ser romântico: a forma “boba” que toma conta de quem ama. Mas as crianças autoras das explicações de o que é o amor, que o Jô conta, deixam tão simples o amor, que, de certo modo, deu-me até inveja, sendo que por várias vezes, assim como várias pessoas, já “tentei tentar” desvendar esse sentimento. Obviamente que dentre as explicações, encontramos variações do amor: o amor familiar, o amor romântico, o amor amigo. O familiar é o de pai pra filho, o romântico é o de homem/mulher, ou como na maioria das explicações menino/menina, e o amor amigo, é como descreve um dos meninos: “Você sabe o que é amor, quando seu cachorro lambe sua cara depois de você ter deixado ele sozinho o dia inteiro.”


De todas as explicações, três são as que eu considerei as mais simples e as mais bonitas: “Amor é alguém te magoa e você muito magoado não grita, porque sabe que isso fere os sentimentos dela.”, “Amor: é quando você oferece suas batatinhas fritas sem esperar que a pessoa te ofereça as batatinhas dela.” E “Amor é você fala pra um menino: - Que camisa linda você tá usando! - E ele passa a usar a camisa todo o dia!”. Nesses exemplos e em poucas palavras elas nos mostram que amar é compreensão, dedicação e satisfação, respectivamente. Eu, que há algum tempo não escrevia sobre sentimento, considerei, o atraso, o link e o vídeo, peças do destino, para que eu escrevesse novamente sobre este tema, que sinceramente, eu gosto muito. Nome do vídeo – Jô Soares Definição de amor para crianças de 4 a 8 anos.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A mudança no trânsito de Santa Maria.

Quem passa pela garagem dos ônibus circulares de Santa Maria por volta das onze da noite, ou mais tarde e percebe a quantidade de veículos que ali estão em repouso percebe que a medida administrativa que pretende cancelar a subida até o centro de alguns ônibus interurbanos é uma simples jogada de interesse. Provavelmente com “algum por fora” a receber.


A cidade de Santa Maria, como sabemos, não foi planejada. O mapa do trânsito santa-mariense é, com certeza, um dos piores do estado, para não dizer o pior. Algumas mudanças já foram efetuadas, como a pista exclusiva da Rua do Acampamento, por exemplo. Entretanto, não são os poucos ônibus interurbanos que sobem a Avenida Presidente Vargas os reais causadores de problemas, e, com certeza, não será a exclusão da passagem destes veículos a solução. É claro que a retirada da rodoviária para fora do centro foi justamente para diminuir o tráfego desses ônibus, entretanto, é totalmente inviável a ida até a rodoviária para quem utiliza esses meios, ou seja, a utilização de táxis ou circulares. Falando em circulares, outra coisa que na nossa cidade vizinha é um dos piores do estado é o preço dos circulares, e piora o preço se observarmos o serviço prestado, muitas vezes parecendo mais um caminhão de galinhas empoleiradas do que um ônibus circular.


Chegamos ao ponto principal do pensamento de hoje, quem ganha com essa mudança? O trânsito santa-mariense? Não. Os donos das empresas de transporte coletivo, sim. Que terão mais tantos clientes, ou melhor, mais tantos coitados pagando caro por um transporte chulo e desrespeitoso. E, infelizmente, vivemos em um país onde a corrupção comanda, e não me passa nada mais pela cabeça, quando vem esse assunto, do que a cena da entrega de um possível “mimo” ao “ilustre” que está por trás desta mudança, proveniente, certamente, do maior beneficiado. É triste, mas é provável. Cabe a nós cidadãos, e aos políticos de bem intervirem a serviço dos seus representados, que, em sua maioria, mais uma vez está prestes a ser prejudicada.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Mais um descaso.

Na madrugada de sábado passado eu havia entrado em casa e estava comendo alguma coisa quando ouvi um grande barulho. Minha mãe vai prontamente até a sacada para ver o que havia acontecido na rua. Era um atropelamento. Uma cena bastante forte, com certeza deve ter sido noticiada nos demais jornais da cidade, entretanto, o fato que eu venho comentar não é o atropelamento em si e sim o descaso no resgate.


Quando falo em descaso, falo sem saber direito de quem é o descaso; de qual órgão é; de qual autoridade é. Convenhamos que não importa mais nada além da vida em momentos como este. O homem estava estatelado no asfalto, com uma poça de sangue sob sua cabeça, gemendo tal qual um animal sangrado que agoniza. Uma cena forte, eu repito, forte e longa. A demora da ambulância poderia ter sido a causa de uma tragédia muito maior, e além de tudo, o resgate foi feito apenas pelo motorista da ambulância, este sim o maior descaso de todos, APENAS o motorista da ambulância, que retirou a maca, imobilizou a vítima, com a ajuda do Corpo de Bombeiros (que se deslocou com o caminhão da água, por falta de veículos) colocaram-na na maca, que foi recolocada na ambulância.


De que maneira nossa cidade permite este tipo de tratamento? De que maneira estamos sendo tratados? Cães que são colocados nas traseiras de “carrocinhas veterinárias”, sem nenhum acompanhamento, nenhum profissional responsável? Gostaria de pedir para que as nossas autoridades tomassem conhecimento deste fato, deste descaso. A falta de respeito com a população que paga seus impostos e merece um atendimento de saúde pelo menos de nível satisfatório está evidenciada. Vamos levar a sério realmente as nossas necessidades e deixar um pouco de lado as coisas fúteis para a nossa cidade. Nosso povo merece ser respeitado, não deveríamos, mas vamos lutar para que isto aconteça.

A parte séria da festa.

Tivemos um bom carnaval em São Pedro do Sul, tivemos um grande evento de Enterro dos Ossos e tivemos um show com a Banda Barbarella que lotou a praça da cidade. Entretanto devemos rever a forma de realização desses eventos, posso falar sobre isso com a garantia de quem mora em frente à praça, presenciou e transmitiu uma destas festas pela internet, através do Twitter, juntamente com o Bloco SòNós Bixo Solto transmitimos cinco horas do Enterro dos Ossos no Sábado posterior ao carnaval, sendo assistido por pessoas de varias cidades, como Uruguaiana, Pelotas, Santa Maria, Florianópolis, entre outras.


Devemos analisar com mais rigor a segurança nestes eventos abertos, concordo que a população não deve “pagar” por erros de meia dúzia de brigões que fazem de tudo para estragar a festa, entretanto, com a falta de segurança, todos os presentes, tanto os envolvidos nas brigas quanto os não envolvidos, podem ser prejudicados, feridos. Cadeiras voavam durante a grande briga que ocorreu naquele sábado, podendo acertar qualquer pessoa, talvez até uma criança. É fato que falta segurança, o comandante da brigada local já havia avisado a prefeitura, entretanto segue da mesma forma, falta segurança.


Festa é bom, mas não queremos que outra tragédia, como a que aconteceu em 2005 se repita. Não é preciso haver outra fatalidade para que se dê o devido reconhecimento à falta de segurança. Festa é muito bom, mas para quem organiza, ela deve ser tratada com seriedade, muita seriedade. E é o dever da imprensa fazer esta alerta, não apenas enxergar o lado bom (isso seria um descaso com a população, fechar os olhos diante de tamanho problema), a voz da sociedade é a imprensa, e a sociedade se tanto gosta de festa, precisa ter a tranquilidade de poder sair e voltar pra casa da mesma forma, precisa de segurança. Como li essa semana, “o povo merece festa” e merece muito mais segurança.

Histórias do Cotidiano – O Bronze, parte 3 (final).

Luciana se aproximou dele, se aproximou mais, se aproximou dizendo:



- Porque tu não falas o que realmente quer?



Fernando engoliu uma porção de saliva que parecia demorar uns vinte segundos para descer por sua garganta. Luciana se aproximou mais, o beijou, na boca, ela o beijou na boca, não ele. Ele nem conseguiu conversar com ela. O beijo mais suave e alucinante que ele já havia recebido. O estalo dos lábios quase fez escorrer uma lágrima de felicidade dos olhos que se mantinham fechados de Fernando.



Ele abriu os olhos, tomou-a pelos ombros, acariciou seus cabelos. Ela passou a mão atrás da sua orelha esquerda, acariciando sua nuca. E aí sim deram, sem falar nenhuma palavra antes, o primeiro beijo enamorado. Os dois, até o leve selinho de segundos atrás, não sabiam o que passaria após o fato. Mas descobriram, que o que um queria era o que o outro também queria, que o que um sentia também era sentido pelo outro, e beijaram-se, romanticamente enamorados, beijaram-se de novo, e de novo.



- Estamos atrasados. – Disse ela.



- Sim, vamos voltar pra sala. – Respondeu ele realizado.



- Também... Mas estou dizendo que já devíamos ter feito isso há algum tempo. – Luciana parecia feliz e Fernando não conseguia fechar o sorriso que lhe riscava o rosto de orelha a orelha. Ele sabia que ali sua vida havia mudado por completo, ali a felicidade havia entrado com tudo para não sair tão cedo.

Histórias do Cotidiano – O Bronze, parte 2.

- Fernando hoje tu vai conversar com a Luciana. – Disse Bernardo como quem chinga um filho que não arrumou o quarto.



- Quê? Sobre o quê? – Fernando tentando disfarçar o óbvio.



- Para. Tu bem sabes do que eu estou falando. Te conheço demais e não é de hoje que noto essa tua baita queda por ela. De hoje não passa.



- Tu só podes estar de brincadeira! É aniversário dela, como que eu vou falar sobre isso hoje, aqui.



- Fica na cozinha, eu volto pra sala e digo que tu queres ajuda, que não encontra alguma coisa. Eu resolvo. Faço ela vir até aqui, e tu te vira! – Já saiu em direção à sala.



Fernando perdeu o chão, suou as mãos, esfregando-as. Tomou um gole da sua cerveja. Lambeu os lábios. Ansioso, o tempo parecia não passar, parecia que todos haviam esquecido ele. Que ele passaria a noite naquela cozinha, esperando Luciana, e ela não viria.



- Do que precisas Fê? – Disse ela entrando na cozinha.



- Ah... o... o... o... abridor das garrafas, não encontrei nas gavetas... – Como se fosse um adolescente prestes a dar o primeiro beijo.



- O que está na mesa, do teu lado? – Luciana sorria um sorriso malicioso.



Fernando tremia, sem que ela percebesse, ele tremia por dentro, todos os músculos, seus olhos viravam-se de um lado a outro, procurando alguma desculpa para a furada que ele havia dado.

Histórias do Cotidiano – O Bronze, parte 1.

Nada mais tirava a atenção do Fernando naquele momento. Só conseguia olhar para o rosto, para os ombros, para a cintura, o volume dos seios, a anca, seguida pelas grossas e bem torneadas pernas bronzeadas da Luciana. Ela era linda e havia voltado da praia com uma cor que provocava. Justo no dia do seu aniversário, que comemoravam na casa dela.



Algo no olhar dela dizia pra ele que ela o desejava, ele, sem palavras dizia a todos que também a desejava. Passara toda a noite sem piscar olhando os olhos, quando os olhos dela encontravam os dele, o sorriso, quando ela sorria, o seu corpo, quando podia fazê-lo sem que todos percebessem, mas certamente nessa altura alguns já haviam percebido.



Fernando era como um ponto de referência para seus amigos, contava piadas, tinha teorias para cada assunto tratado, todos o notavam, e ele só notava Luciana, as piadas que contava saiam de sua boca por puro costume, sem nem pensar, ele só pensava nela.



A noite passava, pessoas iam embora, ficavam apenas os amigos mais próximos da Luciana. Bernardo era amigo do Fernando desde que os dois souberam o que era amizade, foram colegas de aula, e Bernardo era namorado da melhor amiga da Luciana, que por algum motivo não gostava muito do Fernando. Bernardo conhecia Fernando como um cego conhece sua casa. Luciana conversava com Andréia, e Fernando já não escondia a obsessão por ela, as cervejas que já havia tomado o transformaram em um bobo, boquiaberto analisando a bela Luciana. Bernardo prontamente cutucou Fernando fazendo um gesto com as sobrancelhas para que se dirigissem à cozinha buscar mais uma cerveja. Os dois foram.